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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Entrevista Raul Vital

A terceira entrevista deste blog foi feita ao árbitro internacional Raul Vital, a quem agradeço desde já a disponibilidade para esta entrevista.
Em seguida podem encontrar as suas respostas às diversas questões colocadas.

ENTREVISTA RAUL VITAL
  • Como conheceu o pólo aquático? Foi jogador?
Comecei a minha carreira desportiva no SAD, e o Pólo Aquático, era um desporto que fazíamos no início das épocas quando nadava, ou no final dos treinos. Apanhei-lhe o gosto, e passados alguns anos fui jogar para o Belenenses. Estamos a falar da época 1986/87. Joguei durante vários anos, tendo conseguido alguns títulos. Mas uma lesão constante no ombro fez-me pensar em desistir . Aguentei mais algum tempo e em 1995, tirei o curso de árbitro, jogando mais 1 ou 2 anos, mas com algumas limitações devido á lesão.
  • Por que se decidiu tornar árbitro de pólo?
Sempre foi uma modalidade que me atraiu bastante, e depois do curso tirado comecei a ser convocado, o que me levou de facto a cada vez gostar mais da modalidade e mais tarde a optar pela arbitragem.
  • Quais os requisitos e características que acha necessárias para ser um bom árbitro de pólo?
Um bom conhecimento das regras e na aplicação das mesmas, assim como, ter um bom conhecimento do jogo. É necessário que seja uma pessoa calma e com capacidade de se concentrar no jogo, apesar de tudo o que existe em redor deste. As suas decisões devem ser rápidas, coerentes e imparciais.
  • Tendo em vista a necessidade de recrutar e formar novos árbitros, o que acha que pode ser feito nesse sentido?
Não me parece que só a realização de mais cursos seja a solução, pois estes têm acontecido de Norte a Sul. É necessário sim, é um correcto acompanhamento dos mais novos, e quando vão apitar tenham a presença de alguém mais experiente. A parte financeira é também cada vez mais importante, não para ganhar dinheiro, mas para se sentirem minimamente recompensados com o tempo despendido, não esquecendo também todas as despesas que têm para se deslocarem a uma piscina.
  • Qual foi o jogo mais importante que já apitou?
Nunca pensei muito nisso, mas todos os jogos que apito considero importantes, pois todos eles decidem algo. É claro que uns por serem mais emotivos, equilibrados e com níveis técnicos e tácticos mais elevados, por vezes se tornam mais marcantes para um árbitro.
  • Acha que alguma regra do pólo deveria ser mudada/incluída/excluída?
Praticamente todos os anos aparecem alterações, pois á a preocupação de tornar o Pólo Aquático um desporto mais competitivo, rápido e aliciante para a parte comercial. Uma regra que apareceu à pouco tempo e que vi com bons olhos foi a exclusão sem substituição, que neste momento leva a equipa a jogar com menos um “apenas” durante 4 minutos.
  • Algumas pessoas não vêem com bons olhos o facto de ser árbitro e estar ligado ao movimento associativo/federativo, como encara essas críticas?
Existem cargos em termos de FPN muito complicados de se gerirem simultaneamente com a arbitragem. Penso que só o bom senso e o saber separar as coisas podem levar a um bom funcionamento, pois não é fácil ter pessoas ligadas á arbitragem a tratar directamente com os clubes.
  • O universo do pólo português é minúsculo, todos se conhecem, técnicos, atletas, árbitros, dirigentes e apoiantes. Como encara as reclamações durante os jogos, tendo, ao mesmo tempo, que manter a autoridade de árbitro?
Fazem parte do jogo, logo encaro-as de uma forma natural. Além disso as regras têm que se fazer cumprir, conhecendo ou não as pessoas e quando alguém reclama com o árbitro e faz parte integrante do jogo tal como os técnicos, atletas e dirigentes este só tem que intervir. Quanto aos apoiantes, durante o jogo o árbitro está tão concentrado neste, que a maior parte das reclamações passam-nos ao lado, e não devemos intervir, a não ser que estas passem a actos de violência, ou possam interferir com o desenrolar normal deste. Um jogo com árbitro terá sempre esta envolvente, cabe pois a todos os que fazem parte deste respeitarem-se reciprocamente.
  • Por que motivos acha que o pólo aquático português se encontra na situação actual? E o que acha que deve ser feito para sair dela?
Penso que não é só o Pólo Aquático, mas de uma forma geral o desporto em Portugal, pois os apoios escasseiam, o governo pouco apoio dá e quem estuda mais cedo ou mais tarde, tem que deixar de treinar as vezes que treinava ou na pior das hipóteses desistir. Houve agora eleições na FPN, e sinceramente espero que consigam trabalhar e unir o pequeno universo do Pólo, para que este se continue a desenvolver no nosso país.
  • Quais as suas expectativas para o pólo aquático português, a nível internacional, como árbitro e como apoiante?
Com mais ou menos dificuldade espero que continue a evoluir, tanto em termo de clubes como de selecções. Agora quem manda tem que conseguir unir todos os intervenientes, e estes têm que trabalhar na mesma direcção para que se consiga atingir um patamar superior. Muitas vezes aqui é que falha não existindo união e cada um puxa para seu lado. Em termos pessoais e como árbitro internacional, tenho representado Portugal em Torneios, fases de apuramento e fases finais, e de facto é uma motivação extra para continuar, pois sempre o tenho feito com dedicação, empenho e orgulho. Não sei o que me espera o futuro, mas penso continuar a merecer a confiança dos responsáveis da FPN.
  • O que acha que tem que ser feito, a longo prazo, para que o pólo aquático português se torne uma potência?
Apostar na formação, criar melhores condições aos atletas e treinadores, haver uma interacção entre natação e pólo (muitas pessoas envolvidas na natação ainda vêem o pólo como inimigo), trabalho em conjunto FPN-Clubes e acima de tudo união neste pequeno universo que é o pólo Aquático em Portugal.
  • Pode deixar uma mensagem para a comunidade do pólo aquático português?
A união faz a força.

1 comentários:

Anónimo disse...

e as entrevistas que faltam das que foram anunciadas?
Estão disponíveis e vão ser colocadas espaçadamente?